Commodities sobem 10% com impacto da seca

As cotações da soja e do milho subiram cerca de 10% nos últimos dez dias tanto na Bolsa de Chicago – referência para o mercado de commodities agrícolas – quanto nas cotações domésticas. Segundo os analistas, a alta reflete a redução na produção sul-americana de grãos provocada pela seca.

No caso dos grãos afetados pelo clima mas pouco exportados – que sofrem interferência menor do mercado externo –, os reajustes são bem maiores. O preço do feijão carioca ao produtor saltou 42,4% no Paraná, chegando a R$ 145 a saca de 60 quilos. O consumidor deverá sentir reflexo proporcional no supermercado.

O bushel da soja (27,2 kg) chegou a US$ 12,4, o de milho (25,4 kg) a US$ 6,6 nos contratos com fechamento neste verão em Chicago. No Paraná, a cotação da soja passou de R$ 40,2 para R$ 43,5 e a de milho de R$ 20,3 para R$ 23 por saca (60 kg), com reajustes de 8% e 13% em menos de duas semanas.

As elevações são “exclusivamente reflexo da quebra na América do Sul”, afirma o analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Eugênio Stefanelo. Ele sustenta que as perdas superam a cada dia os 4,5 milhões de toneladas de grãos da estimativa divulgada anteontem (10) pela Conab. O número tem base em dezembro. No Paraná, maior produtor nacional de grãos, o impacto do La Niña foi estimado em 1,72 milhão de toneladas pela companhia, mas chega perto de 3 milhões (t), avalia.

Na Argentina, conforme projeções de consultorias privadas e dados do governo, a quebra pode ser três vezes maior que a brasileira, passando de 15 milhões de toneladas. A safra de milho tende a cair da casa de 30 milhões para a de 20 milhões de toneladas e a de soja, de 50 milhões para 45 milhões (t).

Glauco Monte, consultor da FCStone, destaca que, nos últimos meses, os Estados Unidos, país que é o maior exportador mundial de grãos, divulgaram que vinham recompondo estoques. Porém, com a quebra climática, a América do Sul vai participar menos do mercado internacional. Se isso ocorrer, uma parcela maior que a prevista da produção dos Estados Unidos deve ser exportada, para preencher a demanda, inviabilizando acúmulo de grãos e elevando as cotações em Chicago.

Tanto as estimativas de safra quanto as precificações das quebras não chegaram ainda a um patamar definitivo, pondera Gil Carlos Barabach, analista da Safras & Mercado. “No calor da notícia da seca, geralmente há exageros no mercado. É preciso esperar um pouco mais para se ter uma análise mais precisa das perdas e do impacto nas cotações.” Ele considera que as previsões que indicam quebra de 20% na soja e de 40% no milho no Sul do Brasil e na produção total da Argentina podem estar exageradas.

Fonte: A Granja

SAFRA 2011/12 – Contratações aumentam 46%

Até março, BB quer dar início às contratações do pré-custeio 2012/13

De acordo com dados da Superintendência do Banco do Brasil no Estado, de julho a dezembro foram aplicados RS 2,09 bi

O saldo parcial das aplicações de crédito rural do Banco do Brasil, em Mato Grosso, aumentou 46% de julho a dezembro 2011 ante igual período de 2010. Desde o início do Plano Safra (2011/12), em 1° de julho até 31 de dezembro, foram contratados R$ 2,09 bilhões contra R$ 1,43 bilhão.

Considerando que o ciclo atual só se encerra em junho deste ano – seguindo o calendário agropecuário – o Banco se aproxima em um período de seis meses da meta de desembolsar R$ 2,8 bilhões. No ano passado, quando os recursos do Banco do Brasil foram anunciados, a promessa foi de celeridade às análises das propostas de financiamento para uma rápida liberação e de esforço para suplementar os recursos iniciais se houver demanda no Estado.

Como explica o gerente de mercado de Agronegócio do Banco, Anderson Scorsafava, as cifras liberadas correspondem a tudo que foi demandado para a agropecuária nas modalidades empresarial, familiar e pré-custeio. “É um número excelente e ele reflete bons cenários extra e intrabanco”. O mercado de commodities apresentou boa performance de preços e demandas nos últimos dois anos, especialmente em 2011. “Com safra cheia e boas cotações, o produtor investiu mais na atividade. Fora isso, houve toda uma preocupação do Banco em fazer com que os recursos chegassem no momento em que de fato o produtor precisa e então houve investimentos do BB na ampliação da carteira Privat destinada ao atendimento de grandes produtores. Isso liberou as agências para que o médio e o pequeno tivessem um melhor atendimento. Falando em atendimento, capacitamos as pessoas responsáveis e ampliamos as redes físicas”.

Scorsafava completa ainda que o próprio mercado favorável permitiu negociações de dívidas, “o que amplia a capacidade de tomada de novos financiamentos pelo produtor”, surgimento de novas linhas de crédito e a interação entre Banco e as entidades rurais do Estado (Ampa, Aprosoja/MT, Famato, Acrimat, Aprosmat e Secretaria de Estado Desenvolvimento Rural). “Foi o trabalho em conjunto que nos levou a números tão positivos. A partir do momento que nos inserimos no meio das entidades podemos perceber com mais rapidez as necessidades e assim atender a cada uma delas. Em resumo, a parceria fez a diferença porque sozinho ninguém faz nada”.

EXTRATO – Na safra 2009/10, foram aplicados em crédito rural R$ 2,13 bilhões e na safra 2010/11, R$ 2,45 bilhões. “O volume liberado em seis meses, não apenas se aproxima da meta de R$ 2,8 bilhões, como também equivale a quase todo investimento da safra passada”.

De julho a dezembro do ano passado foram demandados pelo segmento agroempresarial, R$ 887,09 milhões para custeio, R$ 379,05 milhões para investimentos e R$ 257,19 milhões para comercialização. Em 2010 foram R$ 716,17 milhões para custeio, R$ 191,87 milhões para investimentos e R$ 122,20 milhões para comercialização.

No segmento familiar foram destinados ao custeio R$ 58,8 milhões e aos investimentos R$ 100,9 milhões. Em 2010 foram R$ 45,35 milhões para custeio e R$ 98,33 milhões para investimentos.

O gerente acredita que a forte demanda por recursos se manterá no decorrer do primeiro semestre, mesmo sendo o último semestre do ano o de maior necessidade no campo. “Como a meta de atender o produtor no momento que precisa, estaremos até março abrindo a linha de financiamento de pré-custeio para a safra 2012/13”. Outro fator que deverá manter o ritmo de contratações são as novidades de enquadramento do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) que ampliou a receita bruta dos beneficiários, tornando a linha mais atrativa. “Alem disso, se o novo Código Florestal for aprovado em março, conforme a expectativa, haverá mais demandas para o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que apóia projetos que visam à redução das emissões de carbono como também do desmatamento”.

ACC – O volume de contratações do Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) – uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, por conta de uma exportação a ser realizada no futuro – recuou em Mato Grosso. No ano passado foram contratados US$ 127,3 milhões ante US$ 170 milhões em 2010.

De acordo com o gerente de Negócios Internacionais da Superintendência, Carlos Alberto Callejas, a redução se dá por vários fatores. “Muitas empresas que atuam em Mato Grosso têm sede em grandes centros e lá centralizam as operações financeiras. Outro fator foi a saída de grandes madeireiras do mercado, após a crise de 2006, segmento que utilizava bastante o ACC. Houve também a oferta de novos produtos que ficaram equivalentes e até complementares, mas com maiores prazos. O ACC tem como limite até 360 dias de prazo”.

MARIANNA PERES – Diário de Cuiabá


Começa a colheita em MT

Por mais um ano, sojicultores da região oeste de Mato Grosso deram a largada da colheita da nova safra brasileira da soja, a temporada 2011/12. Até ontem, pelo menos cinco grandes fazendas da localidade tinham iniciado os trabalhos sobre as lavouras de ciclo de 95 dias, semeadas com variedades conhecidas como precoces. A partir de agora, sai a soja e vem o algodão. Os ‘apressadinhos’ têm parte da propriedade dividida entre soja precoce e tardia com o objetivo de fazer duas boas safras em um mesmo ciclo.

Em Mato Grosso, maior produtor de soja, algodão e milho segunda safra do Brasil, é possível antecipar o plantio da soja e assim, ao colher os grãos, a mesma área recebe a segunda safra de algodão agora ou de milho a partir de meados deste mês.

De acordo com informações repassadas pelo presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Fávaro, houve coleta do grão ainda na semana passada e outras propriedades já dessecaram (processo de aceleração da maturação) as plantas e esperam apenas a abertura do céu para dar início à colheita. “Até sexta-feira muita gente que pretende plantar algodão segunda safra, vai estar com o maquinário no campo”.

No médio norte do Estado, onde Fávaro planta, o início da colheita é aguardado para hoje. A região também tem a vocação para o plantio precoce, porém, foca-se mais no milho segunda safra, cultura em que Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá) lidera a produção. Como explica Fávaro, o clima fechou nos últimos dias (finalzinho de 2011 e começo de 2012), o que fez com que os produtores adiassem a coleta do grão. “Com as chuvas recentes, foi preciso em algumas fazendas adiar a dessecação das plantas, em outras com a dessecação pronta, foi preciso esperar o céu limpo chegar para entrar com o maquinário. É uma questão de solução rápida driblar as chuvas para colher a soja precoce”.

Questionado se as chuvas em abundância representam algum tipo de perigo à qualidade do grão, Fávaro explica que até o momento, não. “As lavouras que estão prontas para colher são poucas e com o as modernas máquinas que temos, basta um dia de sol para se colher bem”. Ele destaca ainda, que a maior parte das lavouras mato-grossenses está no estágio de início de enchimento de grão, etapa extremamente importante para o bom rendimento da produção e que requer bastante chuva. “Haverá perigo se no final de janeiro as chuvas impedirem por dias a colheita de lavouras já dessecadas”, aponta.

O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e produtor em Sapezal (470 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), José Guarino Fernandes, conta que as chuvas na sua região se regularizaram do dia 10 de dezembro em diante e não indicam nenhuma ameaça até o momento. “Ontem, foram 25 milímetros de precipitações. Entramos o mês de dezembro com o menor volume hídrico desde 1989, quando comecei a fazer este monitoramento. Mas o mês se recuperou e fechamos o ano dentro da média de 800 milímetros”.

MOMENTO – Mesmo sem registros de casos de ferrugens nas lavouras mato-grossenses, Fávaro e Guarino fazem o alerta: com clima típico de verão – úmido e quente – e com lavouras em estágio avançado de desenvolvimento, o período se torna propício para o surgimento e disseminação do fungo causador da ferrugem asiática, doença que compromete a produtividade das plantas e traz sérias perdas econômicas ao produtor, visto que demanda mais fungicidas do que o habitual – quando se faz a prevenção ao fungo – e se colhe menos.

A SAFRA – Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Estado deverá colher 22,16 milhões de toneladas, 7,8% acima do registrado em 2010/11 em uma área de 6,9 milhões de hectares, 8,9% acima dos 6,41 milhões do ciclo anterior.

fonte: Diário de Cuiabá

Santos vai dobrar capacidade até 2013

O Porto de Santos, maior da América Latina, vai dobrar de tamanho até 2013. Sozinho, terá capacidade para movimentar a mesma quantidade de contêineres que todos os outros portos brasileiros juntos: 8 milhões de teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Hoje esse número está em 3,2 milhões de teus, afirma o presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), José Roberto Correia Serra.

Segundo ele, o aumento da capacidade é resultado de uma série de ampliações, compra de equipamentos de última geração e a entrada em operação de novos projetos privados. Dois deles vão representar 65% de toda ampliação de Santos. O maior é a Embraport, terminal construído na margem esquerda do complexo santista pela Odebrecht Transport, DP World e Grupo Coimex. O empreendimento, de R$ 2,3 bilhões, terá capacidade para 2 milhões de teus e 2 bilhões de litros de etanol.

Na margem direita, está sendo construído o novo terminal da Brasil Terminais Portuários (BTP), controlado pela Europe Terminal. Também vai movimentar contêineres e granéis líquidos, a exemplo da Embraport. Na primeira fase, serão 1,1 milhão de teus e 1,4 milhão de toneladas de líquidos. O investimento total é da ordem de R$ 1,8 bilhão, especialmente por causa das soluções ambientais – o terminal está sendo construído numa área usada por mais de 50 anos como descarte de resíduos do Porto de Santos.

Tanto no caso da Embraport como no da BTP, as operações serão antecipadas para outubro do ano que vem, afirma Serra. Nesse primeiro ano, os dois projetos vão acrescentar cerca de 700 mil teus à capacidade do porto. O restante fica para 2013. O presidente da Codesp lembra que outros operadores do porto, como Santos Brasil, Libra e Tecondi, fizeram investimentos importantes, que vão resultar em aumento da expansão. A compra de equipamentos, por exemplo, eleva a quantidade de movimentos que as empresas podem fazer por hora.

Há ainda investimentos na infraestrutura existente para ampliar a capacidade de movimentação de granéis (líquidos e sólidos). A Copape, localizada na Ilha do Barnabé, iniciou as obras de construção de dois píeres, no valor de R$ 80 milhões. Além disso, a Codesp vai investir R$ 200 milhões no reforço de 1 quilômetros (km) de cais nos trechos operados pela Copersucar e pela Cosan. A obra vai permitir que navios de açúcar e soja aproveitem ao máximo sua capacidade e saiam mais cheios dos terminais, diz Serra.

Gargalo. Segundo ele, com esses investimentos, o importante agora é focar na operação do porto e no acesso terrestre, que não dá conta nem para atender o volume atual. “Do jeito que está não dá para aproveitar todo o aumento da capacidade.” Uma prioridade será ampliar a participação da ferrovia em Santos – com expansão do sistema de cremalheira e com o Ferroanel. O executivo diz que apenas 1% da movimentação de contêiner e 10% dos granéis é feita pelos trilhos. O objetivo é elevar a participação média para 25%.

Hoje o porto recebe cerca de 14 mil caminhões por dia, nas duas margens. Cerca de 85% desses veículos chegam entre 8 da manhã e 18 horas. “Falta inteligência de agendamento da carga no porto. O caminhão sai do destino e acha que pode desembarcar em Santos a qualquer hora. Isso precisa mudar.” Caso contrário, diz Serra, não adiantará nada investir nas perimetrais de Santos (margens direita e esquerda) e no mergulhão (passagem subterrânea no Valongo).

Além disso, Santos começará a implementar o sistema de tráfego marítimo para controlar desde a chegada do navio, atracação no cais até a saída de Santos. “Esse programa permitirá o tráfego duplo no canal de acesso do porto. Também podemos monitorar a pirataria, a meteorologia, as ondas, os ventos, etc. Com isso, haverá redução do tempo de entrada e saída das embarcações e ganhos de custos”, conclui Serra.

A implementação do Porto sem Papel, pela Secretaria de Portos, também deverá ajudar a acelerar as operações em Santos. Trata-se de um sistema que vai integrar os seis órgãos públicos – Polícia Federal, Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoridade portuária, Vigilância Agropecuária Internacional e Marinha do Brasil – de forma a evitar a duplicação de informações e de formulários.

Ministério apóia Agricultura de Precisão no país

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento pretende criar projetos pilotos de Agricultura de Precisão em todo o país, em 2012. Com a medida, o Mapa quer estimular a utilização das técnicas e criar projetos adequados às necessidades de cada região. Para isso, serão realizados workshops, projetos de transferência de tecnologia, elaborados boletins e material de divulgação, discussões sobre padronização eletrônica entre máquinas e equipamentos, entre outras ações. Todas elas focadas, principalmente, em pequenos e médios produtores.

A Agricultura de Precisão é uma das ferramentas escolhidas pela Coordenação de Acompanhamento e Promoção da Tecnologia Agropecuária (CAPTA) para promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade do agronegócio em beneficio da sociedade brasileira. A aplicação desta tecnologia vai além das atividades agrícolas, pois tem um grande potencial para a área de zootecnia, na gestão hídrica e na silvicultura.

Das técnicas baseadas em uma Agricultura de Precisão, a mais citada é a aplicação de insumos de forma localizada – taxa variável. Ela trata de maneira diferente cada metro quadrado da propriedade, permitindo a aplicação dos insumos agrícolas no local correto e nas quantidades adequadas. A diferenciação é possível com a tecnologia do Sistema de Posicionamento Global – GPS que registra a necessidade específica do solo e controla a colocação do adubo por computador a bordo da máquina. Esta técnica faz com que não haja excesso e nem falta do fertilizante, fato corriqueiro quando utilizada a dosagem média para toda lavoura.

Na pecuária, um dos modelos desenvolvidos para gado leiteiro é o programa “Balde Cheio”. A técnica consiste em utilizar racionalmente os recursos naturais do ambiente e aproveitar o potencial genético de cada animal. O pasto é dividido em piquetes onde é determinado a sequência e o período que o animal irá permanecer em cada piquete. A alimentação é calculada para cada animal.

Grupo de discussão

Os representantes da Câmara Temática de Insumos Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aprovaram a criação do Grupo de Trabalho sobre Agricultura de Precisão. O objetivo é promover a disseminação e padronização das técnicas, criar um diagnóstico das potencialidades e desafios, perceber a capacidade produtiva da indústria de maquinas e implementos e discutir as inovações tecnológicas para diminuição dos impactos ambientais. A intenção é reunir, além dos produtores que já utilizam as técnicas, representantes de vários setores do pequeno, médio ou grande agronegócio brasileiro.

Brasil será grande fornecedor de alimentos

O Brasil será um dos importantes fornecedores de alimentos nos próximos anos, junto com os Estados Unidos, Austrália e Argentina. As projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para os próximos 40 anos mostram que a produção de grãos no país deve saltar dos atuais 159 milhões de toneladas para 299,5 milhões de toneladas. Esse aumento representa acréscimo de 140,5 milhões de toneladas de arroz, feijão, trigo, milho e soja, ou 88% de incremento.

A produção de carnes também deve apresentar forte aumento nos próximos anos. A previsão é que o país produza 52,6 milhões de toneladas em 2050. O aumento é de 98% em relação à produção de 26,5 milhões de toneladas, em 2011. O preço da terra têm sido um dos fatores atrativos para o deslocamento da agricultura e pecuária para novas áreas, especialmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Outro ponto é que como essas novas regiões de expansão da agropecuária apresentam maiores riscos de variações climáticas, especialmente secas, a tecnologia é um fator essencial para reduzir esses impactos.

A análise dos dados agropecuários foram apresentados pelo coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques, na 2ª Conferência do Desenvolvimento, organizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em novembro, em Brasília.

De acordo com Gasques, os resultados da produtividade total dos fatores nos últimos anos têm crescido a uma taxa de 3,6%. “Essa taxa é um das mais elevadas do mundo, superando, inclusive a taxa da produtividade nos Estados Unidos que tem sido nos últimos anos de 1,95%”, destaca. A produtividade total dos fatores na agricultura considera todas as lavouras, a produção animal e o conjunto dos insumos utilizados na produção.

Os resultados desse indicador mostram que o crescimento da agropecuária no Brasil tem-se dado principalmente pela introdução de novas tecnologias, melhoramento do processo de gestão, maior qualificação da mão-de-obra, entre outros fatores. O coordenador acrescenta que o crescimento baseado na produtividade projeta para 2050 um aumento de área da ordem de 39%, o que significa passar dos atuais 46,4 milhões de hectares para 64,5 milhões de hectares.

Vários estudos apontam que os preços agrícolas em todo o mundo vão permanecer altos nos próximos anos. Apesar das boas estimativas, existem muitos fatores que influenciam os preços e a produção. Gasques destaca as mudanças climáticas severas em alguns países; os baixos estoques mundiais de milho, arroz, trigo e soja; a pressão dos biocombustíveis; o aumento de renda e da população. “A volatilidade dos preços mundiais de alimentos tem decrescido e os resultados obtidos para os preços internos do Brasil, como milho e soja, mostram também que a volatilidade se reduziu nos anos recentes”, conclui.

Agricultura irrigada promove sustentabilidade

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apoia o uso da agricultura irrigada. Além de gerar renda ao produtor, o uso racional da água destinada à irrigação ajuda na preservação do meio ambiente, o que torna a técnica sustentável e rentável. Por meio de políticas de fomento à técnica, já conhecida por agricultores, e linhas de crédito específicas, como o Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra), o ministério incentiva o uso da irrigação nas pequenas, médias e grandes propriedades agrícolas.

Na atual safra, o Moderinfra está ofertando ao produtor R$ 1 bilhão em recursos para adesão ao programa. O financiamento com juros anuais de 6,75% permite pagamento em até 12 anos. Com o fomento do governo federal ao uso da agricultura irrigada, o produtor pode se preparar melhor para enfrentar os fenômenos climáticos que vêm afetando o setor agropecuário, não apenas no semi-árido, mas em outras regiões do país, onde a irrigação é necessária. Como complemento à prática, também deve ser incluída a drenagem agrícola nos projetos de irrigação, devido à importância no controle do excesso de água e na redução do processo de salinização das terras sob irrigação.

Outra importante contribuição do Ministério da Agricultura, que trata diretamente da utilização racional dos recursos hídricos, diz respeito ao zoneamento agroclimático, além de estudos voltados para o melhor aproveitamento das águas das chuvas. O trabalho, realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), informa aos produtores rurais sobre a adequação de cultivares melhoradas, características de solo e clima em áreas de produção.

Prática

Produtores rurais de Cristalina, no sudeste de Goiás, estão investindo no aproveitamento de recursos hídricos para aumentar a produtividade, com a preservação do meio ambiente. Hoje, o município dispõe de 45 mil ha de lavouras irrigadas. O uso de água de forma sustentável pelos agricultores locais é considerado exemplo no Brasil e na América Latina.

“Queremos conscientizar os produtores da região sobre o uso da água das chuvas em barragens”, diz o produtor rural Luiz Figueiredo. O agricultor pertence ao grupo que está mudando o perfil do município goiano, a partir da irrigação. A terra úmida e fértil da região favorece o cultivo de produtos como café, feijão, milho, batata, cebola, alho, tomate, trigo, soja, cevada, abóbora, ervilha e algodão. Hoje, o município produz 2,7 milhões de toneladas de alimentos por ano.

O produtor Verni Wehrmann também investiu nos sistemas de irrigação dos 2,3 mil ha da propriedade, localizada no interior de Goiás, para a produção de alho, batata, cenoura e cebola. Com mais de dois mil empregados na fazenda, ele ressalta que o sistema de irrigação permite melhor controle de pragas e doenças, resultando no menor uso de agrotóxicos e em maior qualidade nos alimentos. “Os produtores daqui têm a consciência de que a sustentabilidade também vem da irrigação. Armazenamos água na época das chuvas e usamos para irrigação nos períodos de seca”, ensina.

CMN facilita crédito para produtor rural e agroindústria

O Conselho Monetário Nacional (CMN), em sessão realizada nesta terça-feira, 29 de novembro, aprovou mudanças na comprovação do valor do produto oferecido em garantia pelo produtor rural ou de aquisição pelas agroindústrias nas operações de EGF (Empréstimo do Governo Federal).

A partir de agora, a operação poderá ser realizada com base nos ágios e deságios sobre o preço mínimo, definidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de acordo com o tipo e qualidade do produto. Essa medida ajusta financiamentos de comercialização de produtos agrícolas e facilita o acesso ao crédito tanto pelo produtor rural quanto pela agroindústria.

A regra anterior exigia que a referida comprovação fosse feita somente pelo preço mínimo básico. A medida torna possível a contratação de EGF com recursos controlados do crédito rural vinculadas a produtos cuja qualidade seja inferior ao tipo básico definido pelo CMN, no âmbito da Política de Garantia de Preços Mínimos.

Saiba mais

Empréstimo do Governo Federal (EGF) – É uma linha de crédito utilizada para financiar a estocagem de produtos agrícolas incluídos na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) para a venda futura em melhores condições de mercado e o beneficiamento/industrialização de animais (aves e suínos).

Agropecuária apresenta aumento no PIB

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 6 de dezembro, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado no terceiro trimestre de 2011. A variação geral foi nula (0,0%), se comparada ao segundo trimestre de 2011. A agropecuária foi o único setor que apresentou crescimento (3,2%) no mesmo período analisado. Os setores de indústria e serviços tiveram variação negativa (-0,9%) e (-0,3), respectivamente.

O setor agropecuário também cresceu (6,9%) se comparado o terceiro trimestre de 2011 ao mesmo período de 2010. A elevação pode ser explicada pelo desempenho de alguns produtos da lavoura, que possuem safra relevante no terceiro trimestre e apresentaram crescimento da produtividade, como é o caso da mandioca (estimativa de crescimento de produção em 2011 de 7,3%), feijão (6,1%) e laranja (3,1%).

“Em valores correntes, o setor agropecuário alcançou R$ 46,6 bilhões no terceiro semestre de 2011”, ressalta o coordenador de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, José Gasques. No mesmo período de 2010, o valor acumulado foi de R$ 43,5 bilhões. Segundo Gasques, o crescimento se deve à ampliação dos investimentos em tecnologia, o que garante uma lavoura maior e mais rentável ao produtor.

Produção de grãos cai 2,4% em relação à última safra

A produção nacional de grãos para a safra 2011/12 deve chegar a 159,079 milhões de toneladas, com uma redução de 2,4% em relação as 162,958 milhões de toneladas colhidas na última safra. A previsão está do terceiro levantamento realizado pela Conab e anunciado nesta quinta-feira, 8 de dezembro, em Brasília.

A confirmação da estimativa depende de fatores de produção que interferem na produtividade durante todo o ciclo. Os dados serão consolidados à medida que estes fatores perderem a interferência.

As culturas mais representativas – milho e soja – somam juntas 83% da safra nacional, pela produção de 131,605 milhões de toneladas. O milho tem perspectiva de crescimento de 4,9%, considerando apenas a participação da Primeira Safra, uma vez que a Segunda Safra só será definida a partir de janeiro.

A área plantada deve ficar em torno de 50,447 milhões de hectares, 528,2 mil hectares a mais que na safra anterior, o que representa um crescimento de 1,1%. O aumento está relacionado ao milho Primeira Safra e à soja, com crescimento de 10,8% e 0,7%, respectivamente.

No caso do milho, o maior aumento ocorreu no Paraná (145,2 mil hectares), seguido por Rio Grande do Sul (161,7 mil ha) e Goiás (148 mil ha). As justificativas para esse comportamento são os bons preços do produto no mercado, a rotação de culturas e a reconquista da área cultivada anteriormente.

Já para a soja, o maior crescimento de área efetiva deve ficar com o Mato Grosso, com um aumento de 371,1 mil hectares, seguido do Rio Grande do Sul, com 80,1 mil hectares. No Paraná, foi registrada queda de área da oleaginosa em 472,4 mil hectares. A cultura foi substituída, basicamente, pelo milho. Outra região que teve destaque na área foi a do Matopiba – Maranhão (48,2 mil ha), Tocantins (18,2 mil ha), Piauí (55,2 mil ha) e Bahia (66,8 mil ha).

Por outro lado, houve redução de área para o arroz, que deve perder 251,8 mil hectares em relação ao cultivo anterior, quando chegou a 2,820 milhões de hectares. A queda mais acentuada ocorre no Rio Grande do Sul, que deixa de cultivar 93,7 mil hectares. A produtividade no estado é significativa, chegando a 7 mil kg/ha.

O feijão Primeira Safra também apresentou redução. Em relação ao cultivo anterior de 1,42 milhão de hectares, houve uma queda de 147,3 mil hectares. O Paraná, maior produtor nacional, deixou de cultivar 93,5 mil hectares em relação à safra anterior, quando semeou 344,1 mil hectares.

Em relação à região Nordeste, o terceiro levantamento considerou apenas o oeste da Bahia, o sul do Maranhão e do Piauí. Já para a região Norte foram considerados somente Tocantins e Rondônia. As demais regiões tiveram mantidas as áreas da safra anterior, uma vez que o plantio só começa em janeiro.

A pesquisa foi realizada por cerca de 60 técnicos, entre os dias 21 e 25 de novembro, após visita a órgãos públicos e privados ligados à produção agrícola em todos os estados produtores. (com informações de Raimundo Estevam/Conab)