Um pioneiro no ensino e na pesquisa em tecnologia de sementes no Brasil
A partir daí, começou a estudar o assunto e em 1960 foi contemplado com uma bolsa de estudos nos Estados Unidos para um programa de especialização em Tecnologia de Sementes, incluindo cursos, visitas a diversas empresas produtoras, usinas de beneficiamento e laboratórios de análise. Após o seu retorno ao Brasil, teve uma atitude pioneira ao introduzir na ESALQ, em 1963, pela primeira vez no Brasil, a disciplina optativa “Produção e Tecnologia de Sementes” no Curso de Graduação em Agronomia. Foi pioneiro, também, no ensino de Pós-Graduação, ao participar da criação do Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia, em 1968, inserindo em seu programa as disciplinas de Produção de Sementes, Beneficiamento de Sementes e Análise de Sementes.
Em 1967, com auxílio da Diretoria da ESALQ, reformou um antigo prédio do Departamento de Agricultura e Horticultura para transformá-lo em Laboratório de Análise de Sementes e Usina de Beneficiamento de Sementes, os quais foram equipados com apoio do Convênio Mississippi State University-USP/ESALQ. No biênio 1972/73 foi responsável pela coordenação de atividades previstas no Convênio Ministério da Agricultura-USP/ESALQ, dentro de um programa intitulado Apoio Governamental para a Implantação do Plano Nacional de Sementes (AGIPLAN), que viria colocar a ESALQ definitivamente como um centro de excelência no ensino e na pesquisa em Tecnologia de Sementes, pois possibilitou acrescentar na infra-estrutura física já existente a construção do Pavilhão de Tecnologia de Sementes e da Unidade de Beneficiamento de Sementes. Entre as cláusulas do referido Convênio havia uma que estabelecia a obrigatoriedade da USP contratar mais dois docentes para atuarem na área de Tecnologia de Sementes, tendo sido, então, contratados o Prof. Julio Marcos Filho em 1974 e o autor desta matéria em 1976.
Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que o Prof. Francisco Toledo foi um dos maiores responsáveis pelo avanço da Tecnologia de Sementes no Brasil, pois boa parte dos professores, pesquisadores e demais profissionais que atuaram e que ainda atuam na referida área em várias Universidades, Instituições de Pesquisa e empresas tiveram o privilégio de serem seus alunos. Como se não bastasse a grande contribuição que deu com seu pioneirismo no ensino e na pesquisa em Tecnologia de Sementes, após a sua aposentadoria se dedicou, durante 15 anos, juntamente com outros colegas aposentados, à publicação da Enciclopédia Agrícola Brasileira, que viria mais tarde a ser contemplada com o Prêmio Jaboti de Literatura, um dos mais importantes prêmios literários do país.
Durante sua vida acadêmica, Francisco Toledo publicou 130 trabalhos de pesquisa, traduziu o livro Beneficiamento e Manuseio de Sementes, escrito por professores norte-americanos, em 1975, e publicou juntamente com o Prof. Julio Marcos Filho, em 1977, o primeiro livro brasileiro sobre Tecnologia da Produção de Sementes. Orientou 16 teses de Doutorado, 19 dissertações de Mestrado e 22 trabalhos de iniciação científica. Fez parte de 161 bancas examinadoras de concursos e de defesas de teses e dissertações, tendo participado de diversos Congressos nacionais e internacionais. Foi Chefe do antigo Departamento de Agricultura da ESALQ, Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia da ESALQ em três gestões, além de ter participado de diversas comissões assessoras da Congregação da ESALQ.
Em muitas oportunidades o Prof. Francisco Toledo teve o reconhecimento de sua contribuição como professor e pesquisador, podendo-se destacar o Prêmio “Semente de Ouro”, atribuído em 1985 pela Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes, pelo seu pioneirismo na área de sementes no Brasil e mais recentemente, em 2001, recebeu a medalha do Mérito Científico e Tecnológico do Governo do Estado de São Paulo. Este foi Francisco Ferraz de Toledo, que nos deixou, aos 80 anos, no dia 23 de abril de 2011.
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