Soja tem reação momentânea em MT

A escassez de soja no mercado disponível em Mato Grosso provocou aquela que pode ser a última janela de aumento de preços da oleaginosa antes do início da colheita americana, que ganhará ritmo dentro de um mês

A escassez de soja no mercado disponível em Mato Grosso provocou aquela que pode ser a última janela de aumento de preços da oleaginosa antes do início da colheita americana, que ganhará ritmo dentro de um mês. Nas últimas três semanas, as cotações da commodity reagiram no Estado, puxadas pela demanda aquecida por parte das esmagadoras – e muitas delas já se viram obrigadas a rever os níveis de processamento ou programar uma antecipação na parada das máquinas.

Conforme Jerson Carvalho Pinto, da Diversa Corretora de Cereais, de Rondonópolis (MT), circulam informações de indústrias que já decidiram pela diminuição da moagem. “Temos notícias de que a ADM reduziu de 4 mil para 2 mil toneladas o volume esmagado por dia. Parece que a Bunge está cogitando o mesmo”, afirma ele.

A necessidade de abastecimento das processadoras passou a dar suporte às cotações da soja mato-grossense. A saca que vinha rondando os R$ 60 no fim de julho, com negociações até a R$ 58, já bateu os R$ 63 em agosto, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Ainda assim, é uma situação momentânea, que deve perder força na medida em que o cenário de superoferta nos EUA e de um novo recorde no plantio do Brasil se confirme na temporada 2014/15. “Se fossem acompanhar [a bolsa de] Chicago, os preços da soja teriam de estar mais baixos, provavelmente na casa dos R$ 55. Tivemos uma oscilação que só se sustenta pela questão da demanda mesmo”, conclui Carvalho Pinto. As cotações da oleaginosa em Chicago estão no menor patamar em quatro anos, a menos de US$ 10,50 por bushel.

Ainda de acordo com o corretor, apesar da carência de estoques, as esmagadoras fazem um movimento pontual e “da mão para a boca” em Mato Grosso. “O comprador vem, paga e sai do mercado. Não fica mantendo a cotação lá no alto, é conforme a necessidade”.

Dados do Imea indicam também que quase 94% da safra 2013/14 local já foi negociada. Portanto, os 6% restantes (o equivalente a cerca de 1,5 milhão de toneladas) é que são alvo de disputa no mercado.

Em Nova Mutum (MT), região central do Estado, os preços oferecidos vinham entre R$ 57 e R$ 58 por saca, chegaram a recuar a R$ 56 há cerca de 60 dias e nas últimas semanas novamente subiram para perto dos R$ 60, conta Ramicés Luchesi, da MT Corretora de Grãos. Segundo ele, muitas esmagadoras devem optar pela redução do processamento diário, inclusive como forma de conter os custos.

“Normalmente, as indústrias param em dezembro, mas acredito que tenham de interromper as atividades já em novembro, diante da pouco oferta”. Procuradas, as companhias ADM, Bunge e Cargill, que detêm plantas de esmagamento em Mato Grosso, não quiseram se manifestar. Já a Amaggi, que também opera no Estado, não teve como confirmar a informação imediatamente.

Os preços da soja no mercado futuro de Mato Grosso, por outro lado, só apontam para baixo. Conforme o Imea, atualmente, a diferença entre os preços locais no mercado disponível e no futuro é de R$ 13,83 por saca, valor R$ 8,61 por saca superior ao do mesmo período de 2013.

Luchesi conta que as vendas antecipadas da nova safra, a 2014/15, estão “completamente estagnadas” nas últimas semanas. Os últimos negócios foram fechados há quase 90 dias, antes do recuo mais forte das cotações em Chicago. “A saca para retirada em fevereiro está em US$ 17,80, ou R$ 41, aqui na região. Esse preço precisa reagir muito, porque os custos de produção aumentaram, estão assustadores aos olhos dos produtores”, diz.

De sua parte, as esmagadoras têm manifestado interesse em fechar contratos para entrega futura, mas os agricultores ainda resistem. “Eles querem esperar uns US$ 20 ou US$ 20,50 por saca, mas acredito que se chegar a US$ 19 haja vendas pontuais”. A safra 2014/15 começa a ser plantada em meados de setembro no país e a colheita deve ser iniciada entre o fim de dezembro e início de janeiro. Apenas 8% da produção prevista em Mato Grosso está comercializada, ante 31,2% um ano atrás, aponta o Imea.

Fonte: Valor Econômico

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