Preços mínimos ficam abaixo do custo

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou na última sexta-feira (22) os preços mínimos em vigor para a safra 2014/2015, porém, dentre os produtos que foram reajustados

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou na última sexta-feira (22) os preços mínimos em vigor para a safra 2014/2015, porém, dentre os produtos que foram reajustados, alguns ainda não cobrem os custos de produção. Um exemplo é o leite, que teve altas entre 5% e 6,15% no valor mínimo fixado em R$ 0, 71 por litro na região Sudeste, e está quase 30% abaixo do que o pecuarista desembolsa para produzir.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) havia aprovado estes valores em reunião extraordinária realizada neste mês. De acordo com o secretário de Política Agrícola do ministério, Seneri Paludo, a definição dos preços procurou garantir a manutenção da renda de produtores, com base nos custos de produção calculados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, conta que um pecuarista gasta pelo menos R$ 1 por litro para produzir, considerando a média de uma fazendo “modelo” – de alta tecnologia e produtividade.

“A nossa sorte é que o mercado está indo bem e conseguimos vender entre R$ 1,10 e R$ 1,20 o litro. Se formos pensar que a mínimo antes era um pouco maior que R$ 0,60, este reajuste é positivo, mas caso haja a necessidade de vendermos pelo valor fixado como mínimo para a safra 2014/2015, ainda ficaremos no prejuízo”, explica o presidente.

Segundo o Ministério, a publicação dos preços mínimos apoia os produtores na decisão de plantio desta safra e na busca de crédito de custeio. No caso do leite, cuja vigência começa de imediato, facilita a contratação de crédito para a estocagem do produto.

Rubez afirma que esta relação entre estoque e crédito só é válida quando se trata do leite em pó e trata-se de um benefício que se aplica ao setor industrial.

“Se a indústria precisar de um empréstimo, o governo vai pagar com base no preço mínimo, sendo assim, qualquer aumento é positivo”, diz.

No caso do arroz longo fino em casca, por exemplo, o preço mínimo da saca de 50 kg aumentou de R$ 25,80 para R$ 27,25, reajuste de 5,62% para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O coordenador da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz e chefe de gabinete da presidência do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Cesar Marques Pereira, enfatiza que o valor estabelecido cobre o custo de produção variável do arroz, de R$ 26,33. Esta variação vai depender de quanto o produtor investiu naquela safra.

Entretanto, o custo total – que agrega o valor da terra e outras despesas fixas – está em R$ 32,45, também superior ao mínimo.

“Apesar disso o aumento é positivo, pois anteriormente não cobria nem o custo variável”, diz.

Na média

O valor mínimo do feijão comum saltou de R$ 72 para R$ 95. Segundo o presidente do Sindicato Rural de São João, no Paraná, e produtor, Arceny Bocalon, os custos de produção estão levemente acima de R$ 94.

“Foi bom o preço mínimo ter aumentado, mas mesmo assim precisamos de um auxílio emergencial. Tem feijão na região sendo vendido entre R$ 10 e R$ 15, ou sendo jogado de volta na terra. Já estamos na dependência dos programas do governo para recuperar o mercado, seja com leilões ou AGF [Aquisição do Governo Federal]”, conta o produtor.

Fonte: DCI

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × 1 =