Produção de milho no MT será 10% menor

Mato Grosso terá queda de 10% na produção de milho segunda safra na temporada 2010/2011. Apesar da previsão de menor oferta do produto no mercado, ainda é cedo para estimar impacto sobre o preço do produto. O volume produzido baixará de 8,414 milhões de toneladas para 7,564 milhões de toneladas. Principal motivo é redução da área plantada, que cairá de 1,948 milhão de hectares para 1,752 milhão (ha), segundo estimativa o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

No país, a tendência é de alta nos valores devido à baixa da oferta em função da decisão dos produtores de aguardar melhor definição sobre a área que está sendo plantada em alguns estados. Por causa do atraso no plantio, as lavouras ficam mais expostas aos riscos do clima, podendo comprometer o resultado da safra. É o que aponta levantamento divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que aponta que a safrinha brasileira do milho deverá crescer 4,5%, para 5,07 milhões de hectares em 2011, e que a produção será de 23,5 milhões (t).

Maria Amélia Tirloni, analista do Imea, afirma que se não chover até o fim do mês a produtividade poderá ser prejudicada. Ela diz que esse cenário atinge 28% da área plantada. “O restante está com a produtividade definida”. A produtividade desta safra será semelhante à da temporada anterior, em cerca de 4,3 mil quilos por hectare o equivalente a 62 sacas/ha.

Apesar de a maior parte da produção estar definida, ela diz que ainda não é possível traçar uma perspectiva de preços. No entanto, atenta para o dado do consumo do milho em Mato Grosso, que representa apenas 29% da produção estadual.

Leilão – Das 97 mil toneladas de milho ofertadas no leilão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quinta-feira (5), 85,4% foi comercializado (82,9 mil/t). O volume inicial era de 100 mil (t) mas um lote contendo 3 mil toneladas foi cancelado. Gerente de operações da Conab em Mato Grosso, Charles Córdova Nicolau, conta que os resultados dos últimos leilões, certamente, implicarão no promoção de mais uma operação. “Estávamos com a ideia de que este fosse o último leilão do ano, mas o mercado está demandando a realização de pelo menos mais um”.

A previsão é que o evento ocorra na próxima semana. De acordo com ele, desde o início deste ano foram ofertadas 2,142 milhões de toneladas de milho, sendo que 1,137 milhão de toneladas foram comercializadas. O representante da Conab ressalta que ainda resta 1,3 milhão de toneladas do produto estocado no Estado.
Autor: Vívian Lessa

Fonte: A Gazeta

Vendas de máquinas agrícolas caem 2,7% em abril

As vendas internas de máquinas agrícolas no atacado somaram 5,7 mil unidades em abril, um recuo de 2,7% ante março e uma queda de 4,8% frente a abril de 2010, segundo dados divulgados nesta sexta, dia 6, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A produção de máquinas agrícolas caiu 8,2% em abril ante março, para 6.905 unidades. Ante abril de 2010, a queda foi de 11,6%. Entre janeiro e abril, foram produzidas 26.712 máquinas agrícolas, número 4,8% menor que o de igual intervalo de 2010.

As exportações de máquinas agrícolas, em valores, totalizaram US$ 251,6 milhões em abril, uma alta 6,8% frente a março e um crescimento 28,6% quando comparadas com abril de 2010. No acumulado do ano, houve aumento 73,5% nas vendas externas de máquinas agrícolas.

Fonte: Agência Estado

Câmara Temática discute mercado de insumos

Representantes do governo e do setor privado debatem, nesta segunda-feira, 9 de maio, em Brasília, as tendências do mercado de insumos para a agricultura. A discussão integra pauta da reunião ordinária da Câmara Temática de Insumos Agropecuários que será realizada de 10h às 18h, no auditório térreo do Ministério da Agricultura. A Câmara é um fórum consultivo, ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, formado pelos setores público e privado.

Desempenho do maquinário é determinante à safra

Mato Grosso deve colher 30,3 milhões de toneladas de grãos (soja, milho e algodão) nesta safra 2010/11, um aumento de 6% se comparado ao ciclo passado que foi de 28,6 milhões t. Essa eficiência é atribuída às tecnologias utilizadas pelos produtores nos últimos anos. Destaque para as máquinas, que executam com agilidade várias atividades dentro de uma propriedade e podem ser determinantes para o sucesso ou fracasso de uma safra. “O maquinário é um dos itens mais importantes na produção, seja para o pequeno, médio ou grande produtor. E para extrair o que a ferramenta tem de melhor é necessário ter conhecimento especifico. Com o advento da tecnologia percebemos que sua utilização é cada vez mais relevante neste processo da agricultura moderna, que por um lado reduz o quadro de mão de obra manual e por outro eleva a remuneração dos trabalhadores, os operadores de máquina”, disse o presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado.

De acordo com o coordenador de serviços de uma revenda de máquinas em Tangará da Serra, Edilson Pequeno, hoje há disponível no mercado equipamentos de alta tecnologia que realizam com precisão trabalhos diversos. Elas chegam a utilizar informações digitais de um cartão de memória para executar as atividades no campo. Essas máquinas requerem cuidados especiais, principalmente na condução, manutenção e conservação, pontos essenciais para um bom rendimento. “Uma máquina colheitadeira, por exemplo, tem em média oito anos de vida útil, mas temos clientes que utilizam máquinas de doze anos em ótimo estado de funcionamento. E isso é resultado do zelo dos proprietários”.

O cenário da área de plantio da soja, por exemplo, é de crescimento de 2,5% ao ano, segundo projeção do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), o que demandará novas aquisições de máquinas no estado e consequentemente mão de obra qualificada. Em Deciolândia, região de Tangará da Serra, membros de um condomínio de produtores, já preparam seus funcionários para este desafio. Entre os dias 9 e 13 de maio, 15 trabalhadores participarão de um curso de manutenção e regulagem de colheitadeiras, oferecido gratuitamente pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Entre eles quatro são de uma mesma empresa que conta com 25 empregados. “Fazemos uma qualificação contínua de nossos colaboradores. Enxergamos essa capacitação como um investimento que tem retorno em curto prazo, pois os custos com reparos dos equipamentos reduzem significativamente”, afirma o especialista em mecanização agrícola do grupo, Genésio Schineider.

O professor do Senar-MT, Enio Mattjie, explica que o participante deste treinamento adquire conhecimento sobre como proceder corretamente com o maquinário, tanto nos aspectos preventivos como na execução corretiva. O trabalhador aprende a manter o maquinário em condições ideais de utilização e conservação, a fim explorar com eficiência e segurança um maior rendimento. “O participante também é capacitado a interpretar os manuais de uso e atuar em casos imprevistos ocasionados por danos acidentais ou desgaste dos componentes do equipamento. Além disso, o curso aborda: segurança e saúde no trabalho, meio ambiente, noções de gestão, entre outros”.

O Senar-MT (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso) é a entidade que atua na profissionalização rural voltada à homens e mulheres de todo o estado. Juntamente com o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) e os Sindicatos Rurais, compõe o Sistema Famato.

Crédito rural pode superar 95% do valor previsto

Se a estimativa for confirmada, será o maior percentual da série histórica da agricultura empresarial

A concessão do crédito rural, no período de julho de 2010 a junho de 2011, pode chegar a mais de 95% do valor de R$ 100 bilhões previstos. A confirmação deve ocorrer se for mantida a taxa de crescimento do ano passado para os meses de abril, maio e junho, no valor de R$ 26,7 bilhões.
O diretor do Departamento de Economia Agrícola da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Araújo, explica que, se a previsão for confirmada, será o maior percentual da série histórica da agricultura empresarial. Desde a safra 1999/2000, quando atingiu R$ 11,8 bilhões, o valor aumenta consideravelmente. No ano passado, o percentual chegou a 91% do programado, com R$ 84,4 bilhões.
De julho de 2010 a março deste ano, os recursos para custeio e comercialização ultrapassaram os R$ 51 bilhões, o que representa 68,2% do valor previsto para a safra atual (R$ 75,5 bilhões). Os desembolsos dos programas de investimento chegaram a R$ 10,2 bilhões, o equivalente a um aumento de 39,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Lançado em 2009 para combater os efeitos da crise financeira mundial, o Programa de Sustentação de Investimento (PSI-BK) utilizou 107% dos valores previstos (R$ 4 bilhões), chegando a R$ 4,3 bilhões, de julho de 2010 a março deste ano. O montante corresponde a um aumento de 41,8% do valor financiado no mesmo período do ano passado. A contratação dentro desse programa ocorreria até o mês de março, mas foi prorrogada até dezembro de 2011 a fim de manter o ritmo do crescimento econômico. O programa tem como finalidade financiar bens de capitais, inclusive máquinas e equipamentos agrícolas e estruturas de armazenagem.
O médio produtor rural também teve acréscimo nos desembolsos. Até março de 2011, foram liberados R$ 3,7 bilhões de recursos por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). No mesmo período do ano anterior, os recursos liberados haviam chegado a R$ 2,4 bilhões. “É um aumento de 52%, com perspectivas de aumentar ainda mais”, estima Wilson Araújo.
O crédito rural destinado às cooperativas também registrou um bom desempenho. É o caso do Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro), do qual foram utilizados 111% do programado, sendo aplicados R$ 2,2 bilhões dos R$ 2 bilhões previstos. “Essa é uma clara posição do governo de apoio ao sistema de cooperativas”, explica o diretor.
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Programa de Sustentação do Investimento (PSI-BK): foi criado em 2009, durante a crise financeira internacional, para tornar viável a compra de máquinas. Cobra juros de 5,5%, menores que a média do crédito rural (6,75%). Os interessados podem acessar a linha de crédito até dezembro de 2011.
Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro): linha de crédito direcionada às cooperativas de produção agropecuária, pesqueiras e aquícolas, para capital de giro, saneamento financeiro ou reestruturação patrimonial. São R$ 2 bilhões a juros de 6,75% ao ano.
Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp): destinado ao custeio e investimento pelo médio produtor rural, a juros de 6,25% ao ano. A classe média do campo é aquela que tem renda bruta anual de até R$ 500 mil. O programa, com dotação de R$ 5,65 bilhões, tem limites de financiamento de R$ 200 mil para investimento e de R$ 275 mil para custeio, por produtor.

Leilões da Conab negociam arroz e sisal

Duas operações de Prêmio para Escoamento de Produto comercializam 133 mil toneladas dos produtos nesta quinta-feira

Nesta quinta-feira, 28 de abril, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, vai realizar duas operações de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), que negociarão 133,2 mil toneladas de arroz e sisal.
O leilão de sisal bruto será de 3,25 mil toneladas da safra 2010/2011 ─ 3 mil t da Bahia, 150 t da Paraíba e 100 t do Rio Grande do Norte. Poderão participar da operação as indústrias de beneficiamento e comerciantes que não sejam provenientes dos estados produtores da fibra.
O Prêmio de arroz será de 130 mil toneladas do produto em casca, produzido nos estados do Rio Grande do Sul (100 mil t), de Santa Catarina (10 mil t), do Mato Grosso do Sul (10 mil t) e do Paraná (10 mil t). O destino poderá ser qualquer localidade, exceto as regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste; os estados de Tocantins, Rondônia e Pará; e países como Argentina, Paraguai, Uruguai e Suriname.
Desde o início do ano, foram realizados 12 leilões de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) de sisal, com a negociação de 31,3 mil toneladas de fibra. De arroz, foram seis leilões, com o Prêmio de 556,6 mil toneladas do produto.
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Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) – O governo concede um valor à agroindústria ou cooperativa que adquire o produto pelo preço mínimo diretamente do produtor rural e o transporta para região com necessidade de abastecimento. Este instrumento desonera o governo da obrigatoriedade de comprar e estocar o produto.

Norma define importação de sementes da Índia

Legislação determina que os envios de mucuna deverão ser tratados previamente para entrar no país

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou nesta quarta-feira, 27 de abril, os critérios fitossanitários para a importação de sementes de mucuna (Mucuna bracteata) produzidas na Índia.
A Instrução Normativa nº 15, publicada no Diário Oficial da União, define que os envios deverão estar livres de restos vegetais e impurezas, além de estar acompanhados de Certificado Fitossanitário (CF) emitido pela Organização Nacional de Proteção Fitossanitária (ONPF) da Índia. No documento, deve constar a informação de que as sementes foram tratadas, especificando produto, dose ou concentração, temperatura e tempo de exposição.

“O objetivo do tratamento é eliminar eventuais pragas associadas ao produto, ainda na origem, para minimizar o risco de introdução no Brasil por meio da importação das sementes”, explica o Chefe da Divisão de Análise de Risco de Pragas, Jefé Leão Ribeiro.
Os envios serão inspecionados no ponto de ingresso e terão amostras coletadas e encaminhadas para análise fitossanitária em laboratório oficial ou credenciado. Caso seja interceptada praga quarentenária ou praga sem registro de ocorrência no Brasil, a ONPF do país de origem será notificada e o órgão correspondente brasileiro poderá suspender as importações.
A norma também esclarece que a ONPF da Índia deverá comunicar à ONPF do Brasil qualquer alteração na condição fitossanitária das regiões de produção de sementes de mucuna a serem exportadas para o país.
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A mucuna é um tipo de leguminosa muito utilizada para a produção de massa verde para ser incorporada ao solo e na recuperação de solos degradados, devido à fixação biológica de nitrogênio. Existem diversas espécies e variedades, mas as mais conhecidas são a mucuna rajada ou feijão cacau, a mucuna preta e a jaspeada, de sementes brancas.

Programa reduz índice de analfabetismo no campo

O Senar-MT (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) realiza a partir desta semana o Programa Alfabetização de Jovens e Adultos. O objetivo é reduzir os índices de analfabetismo no meio rural. A capacitação dos professores selecionados para lecionar no programa marca o início das atividades que neste ano atenderá cerca de 700 pessoas com baixa ou sem escolaridade.

A preparação organizada pelo Núcleo Pedagógico, que ocorre até sexta-feira (29) na sede da instituição em Cuiabá, instrui os educadores sobre a aplicação do método “Paulo Freire”, voltado ao universo que compreende a inter-relação educacional a partir da leitura e a escrita. “Este programa visa não somente o ler e o escrever, mas considera o saber de cada indivíduo. O conhecimento é adquirido por meio das experiências vivenciadas pelos alunos, que também contribuem para o desenvolvimento de cada turma. Por exemplo, o meio em que eles convivem, as relações familiar e social, entre outros fatores, são pontos de partida neste processo de aprendizagem que tem como figura primordial o educador”, disse o superintendente do Senar-MT, Tiago Mattosinho.

No treinamento os docentes recebem o conteúdo por meio de estratégias pedagógicas diversas, como debates, exposição dialogada e oficinas. Pela primeira vez o professor de Educação Física aposentado, Geraldo Pereira Rosa Junior, 67 anos, participa da capacitação do Senar-MT. Natural de São Paulo, Junior mora no município de Barra do Bugres há cinco anos e está otimista com a oportunidade de ensinar jovens e adultos a ler e escrever. Sem esconder a emoção, o professor recorda que aos 10 anos de idade conseguiu alfabetizar a tia, que na época tinha 92 anos. “Nunca me esqueço dela assinando o nome numa cartolina e dizendo que não era mais analfabeta. Com esse treinamento do Senar vou poder ajudar outras pessoas também”.

Já a professora Maria Lúcia da Costa Lopes, 35 anos, de Campinápolis, está participando pela terceira vez do Programa. “Todos os anos que participo do curso tem algo novo para aprender. Isso ajuda para eu adquirir experiência, conhecer novas metodologias de ensino e aperfeiçoar ainda mais as aulas para os alunos”, afirma.
Este ano o programa ampliará em mais de 60% sua área de atuação passando de 13 para 21 municípios. “Observamos que o grau de instrução entre essas pessoas é o maior agente responsável pela transformação social no meio rural. Portanto crescendo a abrangência do programa acreditamos que poder aumentar também o bem estar dos trabalhadores e suas famílias”, finalizou Mattosinho.

Vendas antecipadas movimentam sojicultores mato-grossenses

Com mais de 80% da safra 10/11 comercializada, os sojicultores mato-grossense dão um passo à frente e adiantam a venda do grão que só será plantado a partir de setembro deste ano, para a safra 11/12. Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), 12% da soja a ser colhida no próximo ano já foi vendida às tradings. É a primeira vez que isso acontece nos meses de março e abril, em pleno período de colheita e sem ao menos o produtor ter feito o seu planejamento de plantio para a nova temporada.

Otimismo a parte, o sojicultor tem motivos de sobra para avançar na comercialização de um produto que nem ele sabe quando vai plantar, ou quanto plantar. “Os preços realmente estão atrativos e este seria o momento dos produtores travarem custos para a próxima safra, antecipando a comercialização”, diz o superintendente do Imea, Otávio Celidônio. Segundo ele, os preços pagos atualmente nas bolsas internacionais e no mercado doméstico “estão remunerando adequadamente” o produtor.

“A relação de troca também está interessante. Mas é importante que, ao mesmo tempo em que compra os insumos para a próxima safra, vá travando sua margem [de lucro] e fazendo hedge {reduzir risco de preço}. O momento é bom e o produtor tem diversas formas de travar custos para a safra 11/12. Ele tem de avaliar e ver em que perfil melhor se encaixa”, frisa.

Há informações de que os preços dos fertilizantes estão sendo reajustados, daí a pressa do produtor em adiantar a venda da soja futura para assegurar uma remuneração adequada frente a uma possível elevação de custos. “O momento é oportuno [para adiantar as vendas de soja], sem dúvida”, completa o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Henrique Fávaro.

CAUTELA – Mas lembra que o produtor deve ter cautela. “Ele tem de aproveitar o momento e vender. Mas não pode travar grandes volumes, mesmo porque se o mercado melhorar no futuro, ele pode perder a oportunidade de vender por uma média de preços maior. Por outro, lado, existe também a possibilidade de os preços caírem e ele também perder se deixar de fazer a venda agora”.

A recomendação, na avaliação de Favaro, é simples: “Os produtores devem fixar preços com base em uma análise – bem feita – dos custos de produção, aproveitando os momentos de alta e fazer vendas menores”. A ordem é ter máxima cautela e estar atento também à trajetória do dólar, que está desvalorizado e aponta para o aumento dos custos do frete aos portos. “Não dá para vender tudo de uma vez”, pondera.

Favaro se diz surpreso com o movimento do mercado no momento em que a safra sequer começou a ser planejada. “É a primeira vez que vejo isso ocorrer em Mato Grosso {venda antecipada ainda no mês de março], sendo que a safra nem começou a ser de fato planejada”.

Este movimento se deve ao bom comportamento dos preços no mercado interno e nas Bolsas internacionais, onde as cotações continuam favorecendo os negócios. Na safra passada, de acordo com a Aprosoja/MT, o percentual de 12% de soja vendida só pôde ser observado no mês de maio.

COTAÇÕES – Nas principais regiões produtoras do Estado, os preços estão acima da média histórica. Em Campo Verde, os compradores ofertaram R$ 36,50 pela saca de soja. Em Canarana o preço da soja foi mantido pelo produtor em R$ 40/saca. Em Primavera do Leste, a cotação atingiu R$ 37. Em Sapezal, foram indicados preços de R$ 36,50/saca e, em Lucas do Rio Verde, e R$ 34,60.

Autor: Marcondes Maciel

Fonte: Diário de Cuiabá

Lobby ameaça lucro do Brasil no caso do algodão

Enquanto os parlamentares americanos esquadrinham o orçamento em busca de formas de reduzir os gastos do governo

Enquanto os parlamentares americanos esquadrinham o orçamento em busca de formas de reduzir os gastos do governo, os Estados Unidos continuam a enviar milhões de dólares ao Brasil para subsidiar o setor de algodão do país, pagamentos que ficaram intocados na última rodada de propostas de cortes orçamentários.

Os pagamentos dos EUA ao Brasil, feitos em troca do acordo com o país para não elevar tarifas sobre bens americanos, parecem estar a salvo dos cortadores de gastos fiscais no Congresso, apesar dos esforços renovados de alguns parlamentares para interrompê-los. Os EUA pagam US$ 12,275 milhões mensais ao Brasil, pelos termos do acordo entre os dois países. O deputado Ron Kind (democrata por Wisconsin) encabeça os esforços para acabar com esse pagamento.

O Brasil levou os EUA à corte internacional de comércio em 2003 por seus programas de subsídios ao algodão, sustentando que os EUA impulsionavam de forma desleal suas exportações de algodão e colocavam os brasileiros em desvantagem. O Brasil venceu o caso e até a apelação dos EUA, em 2005, embora tenham continuado as divergências legais a respeito do cumprimento pelos EUA das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do fim dos programas de subsídio ao algodão.

Em junho de 2010, os EUA fecharam acordo com o Brasil para pagar mensalmente US$ 12,275 milhões, além de dois pagamentos únicos de US$ 30 milhões e US$ 4,3 milhões. O total pago pelos EUA ao Brasil até o fim do mês deve chegar a US$ 157 milhões.

Pelos termos do acordo, o Brasil é responsável por certificar-se de que o dinheiro será gasto para melhorar o setor de algodão do país.

O Departamento de agricultura dos EUA continua a pagar subsídios aos agricultores de algodão americanos. Em 2003, o ano em que o Brasil levou a discussão do assunto para uma comissão da OMC, o Departamento de agricultura pagou US$ 2,9 bilhões aos plantadores de algodão, segundo dados do governo. O valor anual variou bastante desde então, chegando a US$ 4,2 bilhões em 2005 e a US$ 872 milhões em 2010.

“É a política pública mais estúpida com a qual já me deparei”, disse o deputado Barney Frank, de Massachusetts, democrata de maior hierarquia na Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados. Kind a colocou como mau exemplo de como os EUA lidam com disputas comerciais.

Um porta-voz do Departamento de agricultura defendeu o acordo. Disse que impediu o Brasil de impor “centenas de milhões de dólares em retaliações comerciais contra os EUA, incluindo um direcionamento inédito contra nossos direitos de propriedade intelectual”.

O plano orçamentário aprovado pela Câmara dos Deputados este mês exige cortes de bilhões de dólares nos gastos com agricultura, mas deixa a definição de como essas reduções serão feitas a membros da Comissão de agricultura da casa. Em fevereiro, todos os parlamentares da comissão, com exceção de três, votaram pela continuidade do pagamento ao Brasil.

Kind e Frank procuraram acabar com esses pagamentos neste ano e agora renovam os esforços, à medida que a batalha pelo orçamento de 2012 se aquece. A Câmara aprovou o orçamento de 2012, com cortes dos gastos públicos de US$ 5,8 trilhões ao longo de dez anos, incluindo cortes significativos nos programas de assistência médica Medicare e Medicaid.

Os pagamentos dos EUA almejam convencer o Brasil a não impor bilhões de dólares em tarifas retaliatórias sobre produtos dos EUA, mas também proteger a capacidade do governo de subsidiar os produtores de algodão. Dos quatro programas de subsídios dos EUA que o Brasil contestou de início em 2003, três ainda estão em operação, sob a supervisão do Departamento de agricultura americano.

Os EUA, maior país exportador mundial de algodão, deverão embarcar cerca de 12 milhões de fardos de 480 libras-peso (217,72 quilos) neste ano, segundo previsão do departamento. A projeção das exportações brasileiras de algodão é de só 2 milhões de fardos.

Kind, com apoio de Frank e Jeff Flake, republicano, tentou e não conseguiu interromper os pagamentos ao Brasil em fevereiro ao propor uma emenda ao projeto de lei de gastos do governo. A emenda foi derrotada por 246 a 183 votos, em 18 de fevereiro.

O presidente da Comissão de agricultura da Câmara dos Deputados, o republicano Frank Lucas e o principal democrata na comissão, Collin Peterson, votaram contra a emenda de Kind, assim como a maioria dos membros. O presidente da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, o republicano Paul Ryan votou a favor de interromper o fluxo de dinheiro de americanos para o Brasil.

Frank atribuiu a derrota aos parlamentares dos grandes Estados sulinos produtores de algodão.

Há parlamentares “com grande senso de urgência para cortar o déficit”, afirmou, mas não “quando se trata de algo que coloca dinheiro no bolso de seus eleitores”.

Lucas, contrário à emenda de Kind, disse entender que os EUA terão de cumprir a determinação da OMC contra o programa de subsídios dos EUA e interromper os pagamentos ao Brasil. Pode ser uma tarefa bem complicada convencer os agricultores de algodão a viver sem o apoio do governo, afirmou, embora as recentes altas nos preços tenham tornado desnecessários os pagamentos ultimamente. As condições de mercado, contudo, podem mudar rapidamente.

“Temos de encontrar a solução que esteja em cumprimento com a OMC e seja politicamente palatável. Meus amigos do [setor de] algodão entendem isso e ao longo do próximo ano vamos trabalhar todas as opções”, disse Lucas.

Ele será arquiteto-chave no próximo projeto de lei da agricultura, um projeto de cinco anos para a política agrícola dos EUA, e espera concluí-lo até o fim de 2012. Isso não é bom o suficiente, no entanto, quando os EUA pagam mais de US$ 12 milhões por mês ao Brasil, disse Frank. “Vamos ter feito isso por três anos”, disse Frank. “Se tivéssemos feito a coisa certa e cortado nossos subsídios a nossos agricultores de algodão, então, [os EUA] estariam economizando [centenas de milhões de dólares].

fonte: Valor Econômico