Tendência entre produtores rurais será de ampliar a mecanização

O uso intensivo de máquinas agrícolas, impulsionado pela utilização de áreas de plantio para o cultivo de dois ou mais grãos em safras diferentes, deve gerar, em curto prazo, a necessidade de um aumento de plantadeiras, tratores e colheitadeiras pelos campos do País. Também equipamentos menores, como os de aplicação específica de defensivos agrícolas, tendem a ampliar presença no cenário rural no decorrer dos próximos anos.

Essas demandas apontam o início de uma fase positiva para o setor de máquinas, após um período ruim, principalmente no que se refere às exportações. “Depois de 10 anos, o governo federal tem se dado conta de que é preciso apoiar a agricultura para a exportação”, opinou o economista e membro dos conselhos de Administração da JBS e da Cosan, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, em palestra sobre as oportunidades do agronegócio nacional e internacional para o setor de máquinas, ocorrida na manhã de ontem, na Fiergs, durante abertura do Simpósio SAE Brasil 2014.

O espaço para aumentar as vendas do setor de máquinas é tão significativo, que nem mesmo o amparo de R$ 12 bilhões desembolsados pelo governo federal entre julho de 2013 a junho de 2014, via crédito rural, venceu a necessidade de renovação de frota voltada ao manejo mecanizado, comentou o consultor Carlos Cogo, ao discorrer sobre o perfil atual e tendências de longo prazo no cenário agroeconômico do País. “No mesmo período em que foram vendidos 60 mil tratores no Brasil (no último ano), a área de plantio cresceu em 30 milhões de hectares”, explicou Cogo. Segundo o consultor, o manejo agrícola mecanizado ainda é executado com 40% da frota sucateada em território nacional, o que reforça o potencial de crescimento do setor de máquinas.

“Enquanto no Brasil se trabalha com um trator para cada 118 hectares, na Europa a relação entre frota e terra plantada é de um equipamento para 25 hectares”, comparou o consultor. Cogo ressaltou que, no futuro, a tendência entre produtores rurais será de ampliar essa mecanização, acelerando processos em busca de produtividade e da diminuição do peso da mão de obra nos custos de produção.

Um dos cultivos que em breve exigirá esta iniciativa é o de feijão, destacou o palestrante, ao lembrar que 63% dos gastos de produtores desta cultura são destinados à mão de obra. “Outra alternativa é que os agricultores desistam do feijão na primeira safra, optando pela soja, e, na segunda safra, o milho.” Cogo frisou que, a cada ano, aumenta o uso de áreas de cultivo múltiplo, o que exige uso intensivo de tratores e colheitadeiras durante o ano todo em plataformas adequadas para o plantio de grão diferentes. “A demanda tem sido maior que a oferta.”

O Plano Safra, válido até junho de 2015, garantirá tranquilidade de transição de governo para o setor agrícola e de máquinas do gênero, na opinião do consultor. Mas ele pondera que, depois deste período, os empresários do ramo da indústria de transformação deverão buscar o governo para uma negociação com foco em “recursos abundantes e sem atrasos” para continuar crescendo. “Esse apoio deverá ser restaurado”, concorda Pratini de Moraes. O economista afirma que apoiar exportação, criar novos mercados e novas soluções para a logística (onde ainda há gargalos) são iniciativas urgentes a serem adotadas pelo governo.

Fonte: Adriana Lampert – Jornal do Comércio

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