Atraso da safra segura navios em Paranaguá

Baixa disponibilidade de açúcar para exportação deixa navios parados no porto à espera de produto para embarcar e aumenta congestionamento em Paranaguá

Com a entrada da safra 2011/12 de cana a passos lentos, o congestionamento de navios aumenta na Baía de Paranaguá. A baixa disponibilidade de açúcar para exportação faz crescer a fila de embarcações no porto, que ainda escoa a produção de grãos de verão. De acordo com a Appa, entidade que administra os portos paranaenses, 30 navios estão atracadas ou à espera de carregamento. Desse total, 23 levarão soja e milho para outros países e sete deixarão o porto com açúcar. Como a colheita de grãos está na reta final, contudo, a tendência é que esse quadro se inverta nos próximos meses.

Até ontem, seis navios estavam ao largo aguardando autorização para atracar, enquanto somente um era carregado com açúcar. Nessa mesma época do ano passado, havia dois navios ao largo e somente um em processo de carregamento.

O cenário não é novidade ao setor, que responsabiliza o governo pelo problema. “Os investimentos em infraestrutura não acompanharam o aumento da participação do açúcar brasileiro no mercado mundial. Por isso, as filas já são rotina todos os anos”, explica José Adriano Dias, superintendente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar). Ele afirma que apesar de o país ser dono de mais da metade da comercialização global de açúcar, o ritmo de expansão do setor sucroalcooleiro ainda é lento. “A cana praticamente não cresce no Brasil. Nesta safra, a moagem vai crescer muito pouco em relação ao ciclo anterior”, diz.

O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira, aponta processamento de 641,9 milhões de toneladas de cana nesta temporada, contra 623,9 milhões no ciclo 2010/11 (+2,9%). Quarto colocado no ranking nacional, o Paraná responde por 46,9 milhões de toneladas, estima a estatal.

Embora o volume produzido ainda seja considerado baixo pelo setor, o Brasil tem conseguido suprir o consumo mundial de açúcar. Somente por Paranaguá, um dos principais corredores de exportação do país, devem sair neste ano 3,2 milhões de toneladas do produto, contra 3 milhões no ano passado. Segundo a Appa, de janeiro a abril de 2011, foram exportados 736 mil toneladas do alimento pelo porto, 27% mais que no primeiro quadrimestre de 2010.

Mas essa diferença poderia ser ainda maior. O excesso de chuva no começo de 2011 comprometeu as atividades nas usinas de cana. Das 30 unidades instaladas no Paraná, 26 estão em operação, revela Dias. Em maio de 2010 o número de indústrias em funcionamento era de 28. Com isso, a moagem da matéria-prima também tem sido mais lenta se comparada ao ano passado. Até 1.º de maio, as usinas processaram 3,5 milhões de toneladas de cana, 30% menos que em 2010, quando o volume ultrapassava 5 milhões de toneladas, de acordo com a Alcopar.

O superintendente da associação relata ainda que, devido ao atraso na moagem, o açúcar exportado por Paranaguá até agora é remanescente da safra passada. “Acredito que o produto novo começará a chegar ao porto ainda neste mês se o clima continuar colaborando”, prevê.

fonte: Gazeta do Povo

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